De visita ao
blogue do D'Arcy tive conhecimento do nascimento de um
novo espaço que pretende recordar os grandes jogos do Benfica. Ali pude assistir, finalmente, ao resumo daquele que é o jogo da minha vida.
Foi no final da época de 1990/91, o Benfica liderava o campeonato com um ponto de vantagem sobre o Porto, faltavam 5 jornadas para o campeonato terminar e ia às Antas discutir o jogo do título. Não haviam transmissões televisivas como há agora e estava um fim de semana invernoso. Apesar da chuva e do nevoeiro, o Estádio estava a abarrotar. Nós eramos pouco mais de 5 mil.
Vivia-se, nessa altura, os anos dourados da intimidação portista. Os jogadores eram insultados, os jornalistas agredidos, o Benfica equipou-se no corredor porque o balneário estava impestado de cheiro a bagaço, os flancos esquerdos eram inundados para que o Pacheco não conseguisse por a bola no chão e os fotógrafos dirigiam-se em massa para trás da baliza do Benfica
Conta-me um amigo, actual comentador da SportTV, repórter de pista na altura em trabalho para a Comercial, que a perseguição aos jornalistas do sul ou suspeitamente benfiquistas era de tal forma que era impossível assegurar, em condições de segurança, um trabalho sério, isento e imparcial.
Tudo o que era adepto que percorresse as imediações do estádio com sinais exteriores de benfiquismo era insultado e se fosse sozinho era perseguido e agredido. Já tive em vários estádios, em vários sítios mas nunca tinha sentido nem voltei a sentir um ambiente tão intimidatório. O mais parecido foi em Felgueiras contra o Guimarães em 2003. Mas longe, muito longe, daquilo que foi esta guerra de 91.
Mesmo assim, ou talvez por isso mesmo, o Benfica ganha de forma cruel. A 5 minutos do fim e com dois golos de César Brito. Isto depois de uma falta do Aloísio sobre o Pacheco dentro da área ter sido propositadamente ignorada pelo Sr. Carlos Valente. Mas isso, naquele tempo, até já era normal acontecer. Penaltys nas Antas contra o Porto era proibido.
O regresso a Lisboa foi em cortejo. Havia gente na auto-estrada com bandeiras e cachecóis. O Benfica tinha aumentado a vantagem para 3 pontos (naquele tempo a vitória valia 2 pontos) e era necessário perder 2 dos 4 jogos que faltavam para perder o título.
Depois disso houve outros grandes jogos. A ida ao Bessa há 2 anos também foi especial. Principalmente quando cheguei a Santa Maria da Feira para jantar e o trânsito estava parado tal era a quantidade de gente nas ruas a festejar o título. Mas aquele invernoso domingo de 91 foi, efectivamente, o jogo da minha vida.
3 comentários:
Olha q o jogo contra o Varzim tb foi o jogo da minha vida....
Este é um comentário de quem tem poucas alegrias na vida. Provavelmente estão habituados.
Já que o seus clubes não lhes dão algrias, vivem das tristezas dos outros. Pelo menos o país está sempre festa
Vejam a alegria do Veloso.
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