O besouro tem andado ausente e impedido de comentar os principais acontecimentos da vida social e desportiva. Mas não pode, apesar de desfazado no tempo, deixar sem um comentário a brilhante vitória do Atlético no Dragão. Por dois motivos. Primeiro porque foi no Dragão e depois porque foi o Atlético.
Como lisboeta bairrista há duas coisas que não se pode deixar de ter como referência. Uma marcha na Avenida e um clube na nossa rua. A marcha é a de Campo de Ourique e o clube é o Atlético. Podia ser os Combatentes, o SUFS ou o Domingos Sávio mas pela história, pelo costume, pelos hábitos, pela competitividade e pela tradição foi o Atlético. Nas tardes soalheiras de domingo era só descer a Possidónio da Silva e ir apanhar a Maria Pia a Alcântara. Daí à Tapadinha era um pulo.
Jogava-se a 2ª divisão zona sul e haviam jogos verdadeiramente empolgantes. Um Atlético-Sintrense ou um Atlético-Barreirense valiam mais que qualquer Benfica-Riopele ou Benfica-Recreio de Águeda. A bancada dos sócios, com vista para a ponte sobre o Tejo, o sol a bater na relva e as famosas "almofadinhas prá bola" impedindo o duro contacto do betão húmido com a ganga. Já para não falar da bifana e da entremeada regada a mine no intervalo dos jogos. E o que dizer da Cervejaria Palácio que oferecia um jantar para duas pessoas ao marcador do primeiro golo do Atlético. Luxos que nem em Stamford Bridge existem.
Normalmente o regresso a casa, como era a subir, fazia-se de 38 desde o Largo do Calvário porque, na altura, ainda não havia passada de tractor nem pulmão que aguentasse.
Os momentos que esta vitória relembrou e principalmente a comemoração da mesma voltou a fazer sentir os verdadeiros dias do futebol.